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Santa Casa de Sertãozinho encontra dificuldades na compra de medicamentos utilizados para intubação de pacientes

Santa Casa de Sertãozinho encontra dificuldades na compra de medicamentos utilizados para intubação de pacientes - Foto: Josiane Cunha Santa Casa de Sertãozinho encontra dificuldades na compra de medicamentos utilizados para intubação de pacientes - Foto: Josiane Cunha

22/03/2021

Além de não conseguir encontrar as quantidades necessárias para suprir a demanda, o pouco que encontra chega a custar 500% a mais do que no início da pandemia

 

O aumento no número de casos graves de Covid-19 tem feito a capacidade de atendimento das UTIs - Unidades de Terapia Intensiva e os estoques de medicamentos utilizados na intubação de pacientes chegar ao limite em hospitais todo país. A Santa Casa de Sertãozinho também está enfrentando dificuldades para comprar os medicamentos e repor seus estoques de anestésicos e relaxantes neuromusculares necessários a manutenção de pacientes intubados. O hospital vem fazendo um esforço diário, entrando em contato com diferentes fornecedores para conseguir comprar esses medicamentos, mas não está conseguindo encontrar as quantidades necessárias para suprir a alta demanda, devido ao crescente número de pacientes nesta condição devido à Covid-19. Quando encontra, além da quantidade muito aquém da necessidade diária, os valores chegam a estar  500% mais altos do que no início da pandemia. “Apesar da dificuldade na compra desses medicamentos, nossos pacientes não estão sendo prejudicados, mas não sabemos até quando teremos estoque, caso não consigamos efetuar novas compras. Eu ligo, incansavelmente, todos os dias, para diferentes fornecedores praticamente implorando para que me enviem alguns medicamentos, mas, muitas vezes, quando consigo, eles vêm fracionado, em poucas quantidades, sem contar os preços, que subiram exorbitantemente. Por exemplo, eu comprei um medicamente no ano passado, por R$48,00, depois ele foi para R$75,00 e nessa semana tiveram a coragem de cobrar R$290,00 por ampola do mesmo produto. Isso é um absurdo, é uma situação preocupante e sabemos que ocorre em todo o país. Os fabricantes não estão dando conta de acompanhar a alta demanda, assim, utilizando mais do que se produz, chegamos a essa situação, o que está nos tirando até o sono”, contou Marcela Letícia Seleguim, Enfermeira Coordenadora de Materiais e Suprimentos Hospitalares.

A Santa Casa vem trabalhando com 100% de sua capacidade de UTIs Covid há mais de 20 dias e, além desses, há também os leitos de UTI para outros tipos de atendimento que, neste mês, também obteve a marca de ocupação de 100%, sendo metade dos leitos da UTI Geral ocupados por paciente pós Covid (que já saíram da fase de transmissão). “Eu nunca tinha visto, na história da Santa Casa, 24 leitos de UTI, somando Covid e não Covid ocupados, com pacientes intubados. Com isso, os medicamentos que seriam utilizados em um mês duraram apenas 3 dias. A situação é grave, é preocupante, é real e as pessoas precisam colaborar. Nós estamos no limite, fazendo o máximo do que nos compete para conseguir comprar o que precisa e atender a todos com a qualidade que a Santa Casa preza, mas algumas situações fogem do nosso alcance. Se o fabricante não der conta de produzir os medicamentes na mesma velocidade do consumo, como vamos comprar? Precisamos urgentemente diminuir os casos de Covid e, para isso, necessitamos da conscientização da população”, destacou, Marcela, visivelmente preocupada.

 

Pacientes mais jovens

Recentemente, a idade dos pacientes que evoluem para casos graves tem diminuído, ou seja, não é mais “regra” os idosos fazerem parte do grupo de risco, como na fase anterior. Agora, pacientes com menos de 40 anos, sem comorbidades têm sido intubados e até vindo a óbito. Hoje, na Santa Casa, apenas 7,14% dos internados por Covid são idosos com mais de 70 anos; 21,42% tem entre 60 a 69 anos; 42% tem idades entre 50 e 59 anos e 28,5% tem de 35 a 49 anos. “Diariamente, registramos cada vez mais casos da Covid-19 em adultos jovens, que internados ficam em estado grave e precisam ser intubados. É uma situação muito triste e que abala toda nossa equipe de profissionais. Eles estão no seu limite emocional, mas se mantém firmes, se doando e trabalhando incansavelmente para tentar, de todo jeito, salvar essas vidas. Mas só nós, que estamos aqui, vivenciando essa dor todos os dias, sabemos o quanto está sendo difícil enfrentar esse vírus e essa dura realidade. Como se não bastasse, ainda temos que ouvir que é mentira, que é politicagem. Pelo amor de Deus, não temos porque mentir nem esconder ou inventar nada, nós estamos com nossa capacidade máxima de internação, vendo vidas sendo perdidas todos os dias para esse vírus e temos que ter força e otimismo para voltar no dia seguinte e continuar batalhando para que outras vidas sejam salvas. Estamos arriscando nossas vidas e de nossas famílias, principalmente os profissionais que estão na linha de frente. Duvidar desta realidade é para nós insensatez e ser questão política ou não, não tem ajudado em todas as vidas perdidas todos os dias, isso é real, são vidas que chegam ao fim e não há nenhuma vitória nisso. A população precisa despertar para a consciência: se proteja, não contribua para a transmissão em massa desse vírus, não promova ou participe de festas, saia de casa apenas para o necessário e, ainda assim, seguindo todos os protocolos de proteção. Todos estamos esgotados desta realidade, não conseguimos dormir direito, o que mais precisamos agora é da colaboração e conscientização da população”, desabafou a Administradora da Santa Casa, Rita Montenegro.

 

Novos leitos

Para tentar desafogar um pouco a fila de espera por leitos, a Santa Casa, em parceria com a Prefeitura Municipal, está preparando uma nova ala, onde serão abertos 10 novos leitos de UTI Covid 19. O hospital já está fazendo todas as adequações necessárias, como a troca do tanque para aumentar a capacidade de fornecimento de Oxigênio, adequação da rede de gases, realização de processo seletivo para contratação de equipe de profissionais, que ainda passarão por treinamentos específicos, além  da compra de equipamentos como respiradores, monitores, bombas de infusão, desfibriladores, carrinhos de urgência, pulso oxímetros, que podem levar em torno de 20 até 30 dias para serem entregues devido à grande procura no mercado. Além disso, a grande preocupação do hospital é: haverá medicamentos para suprir esses 10 leitos? “Nós estamos fazendo uma força tarefa para agilizar a abertura desses 10 novos leitos de UTI Covid 19, sabemos da necessidade desses leitos com a máxima urgência para contribuir com a rede de saúde que está procurando suprir as necessidades desses atendimentos, mas dependemos do término das adequações para assistir com segurança e respeitar os prazos de entrega dos equipamentos, o que infelizmente foge de nosso alcance. Além disso, estamos muito preocupados com o fornecimento dos medicamentos, porque se já não estamos conseguindo comprar os medicamentos agora, como faremos para suprir mais 10 leitos? Precisamos urgente de uma atitude do Ministério da Saúde, como por exemplo, importar Kits para intubação com medicamentos para anestesia, sedação e relaxamento muscular, que pelo que temos acompanhado através da mídia está quase zerado e em grande parte do país pode não durar os próximos 20 dias. Só assim, esse problema da falta de medicamentos será resolvida”, acredita Rita.

 

Alerta ao Governo

O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, Carlos Lula, disse em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo que o governo vem sendo alertado há semanas de que estão faltando onze medicamentos do kit intubação em pelo menos dez estados e que o estoque de bloqueadores musculares é crítico em quase todo o país.

O Ministério da Saúde informou ao mesmo jornal que fez, na quarta-feira dia 17, uma requisição administrativa de 665.507 medicamentos para intubação para um período de 15 dias. (Assessoria de Imprensa e Comunicação – Josiane Cunha)